Cruz e pecado são conceitos muito distorcidos pelos cristãos, sejam católicos, sejam evangélicos, sejam espíritas ou qualquer outro tipo de fé que utilize o Evangelho.
Um pingente, um amuleto, um ato de renúncia e de amor, um sacrifício, um fato histórico. Tantos são os significados atribuídos ao filho do carpinteiro José, pregado num instrumento de punição criminal garantido pelos direitos da lei virgente na época, mas todos esses sentidos são incompletos. Existem até mesmo os que compartilham sua fé dizendo que "Jesus Cristo morreu por você", e esperando um feedback positivo da parte do ouvinte. Mas se pararmos pra pensar, não há nexo em dizer que alguém que eu nunca vi e nem conheço entrou na frente de uma bala disparada em minha direção, cujo o disparo eu nem se quer ouvi. É muito vago.
Precisamos entender que a cruz, nada mais foi, do que um ato de substituição. Simplesmente isso. Fomos substituídos. Todo ser humano é responsável pelos seus atos, sejam acertos, sejam erros. Logo, quem pisca para uma mulher do amigo, quem ultrapassa o limite de velocidade, quem abusa sexualmente de crianças, quem mente para preservar o emprego, quem retira a vida alheia num assalto, quem fecha o vidro do carro e o coração num semáforo ou quem aperta o botão que dá origem a uma guerra.. todos esses e outros, sem exceção, são responsáveis pelo que fazem. E de quem seria a culpa, se não, da própria pessoa que erra?
Aos olhos de Deus, que por ser criador da vida, vai nos pedir conta um dia da vida que ele nos deu, a culpa dos erros é individual e intransferível. A única forma dessa culpa ser absolvida é pela punição do culpado ou alguém que se ofereça para pagar sua fiança. Desse modo, num mundo onde todo ser humano é mal, trazendo a maldade dentro de si desde criança e manifestando ela ao longo dos seus dias, o único que poderia pagar pela culpa sem trazer culpa consigo mesmo, não seria outro se não o próprio juiz. Daí a manifestação do divino em forma humana.
Quando erramos o alvo e temos consciência disso, a melhor postura que a gente pode ter é parar, silenciar, se acalmar, ouvir nossa consciência pesada e acreditar que a culpa que nos pesa foi voluntariamente assumida por Deus-Filho punido numa cruz. Isso nos aproxima dEle e nos constrange a acertar da próxima vez.
Essa é uma verdade libertadora.
Eduardo Santana

Nenhum comentário:
Postar um comentário