Amor com desespero.


Algumas pessoas consideram extremismo, mas acredito que é impossível envolver-se com as necessidades dos miseráveis, fazendo delas as suas próprias necessidades, e continuar buscando bem-estar, conforto e focando em coisas e estruturas físicas. 
Envolva-se com eles, e passará a ser impossível entregar algo esperando retribuição divina, como se merecêssemos alguma coisa, pois as minhas e as suas questões pessoais serão insignificantes diante da deterioração de um ser humano.
O zelo pela casa do Senhor também deve nos consumir, assim como consumiu a Cristo (João 2:17). Se as pessoas são o templo de Deus, o lugar de sua habitação (segundo 1Coríntios 6:29), nosso zelo pelas casas que estão destituídas das condições básicas para a vida também deveria nos consumir, a ponto de não conseguirmos dormir em paz por causa da miséria alheia.
Não podemos ter dois senhores, e essa instrução do Mestre, essa sim, é extremista: ou você vive totalmente desapegado das coisas dessa vida, sem esperar qualquer tipo de bênção de Deus por conta de sua própria generosidade pessoal e investe desesperadamente nas casas de Deus que estão em ruínas antes de qualquer outra coisa, ou vamos nos equiparar com aqueles que habitualmente julgamos, tentando comprar com nossos sacrifícios as bênçãos celestiais, que já foram concedidas (Efésios 1:3).
Desespero. Esse é o sentimento de Cristo pelo desfavorecido. O desesperado pelo outro não tem espaço no seu coração para a ambição e para o anseio pela prosperidade divina. Comece a tocar o excluído e sinta o seu coração queimar pelas coisas relevantes dessa vida.
Podemos nos preocupar e cuidar caprichosamente dos nossos espaços e ambientes sim, mas deveríamos fazer isso apenas depois de constatarmos que a última família miserável, o último indigente, a última criança de rua de nossa cidade tiveram suas necessidades pessoais supridas. Do contrário, estamos contrariando as prioridades de Deus.
É uma questão de vivência: faça apenas o suficiente para dizer que você fez algo, e continuará pensando nas coisas efêmeras dessa vida. Agora, envolva-se de coração, tempo, recursos, enfim, dê a sua vida, e aí sim, você realmente compreenderá os valores de Deus, e se desesperará pelo simples fato de que uma família poderá já não existir mais amanhã cedo, se hoje à noite chover um pouco mais e seu barraco na encosta do morro vier a baixo.

Isso não é extremismo. É essência bíblica, e uma das facetas do amor.

Isaías 62:6 e 7 "...vocês, os que fazem lembrar ao Senhor, não descansem, e não lhe a ele descanso até que estabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra."




Eduardo Santana

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